quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

"O meu irmão"




Este não foi mais um dos livros que me veio ter às mãos. Este fui eu à procura dele, desloquei-me de propósito a uma livraria para o comprar depois de ter visto uma pequeníssima entrevista de menos de dois minutos do autor. Suscitou-me curiosidade a forma descontraída e sincera com que disse que só poderia escrever sobre algo que conhecesse...
Também sempre senti dificuldade em escrever sobre o que não conheço ou não vivi e por isso, criada a empatia, tinha mesmo que conhecer o tão apreciado produto.
Não fiquei desiludida, mas não sei se concordo com as críticas oficiais ao livro. Estranho seria concordar, eu sei.
Achei o livro muito bem escrito, em movimento, que nos prende na expetativa do que é que afinal vai acontecer, principalmente por ser aquele tipo de escrita onde parece não ir propriamente acontecer nada. Quanto à alardeada forma realística de abordar o tema da deficiência discordo. Acho que a personagem é portadora de uma deficiência mental como se de uma qualquer outra característica se tratasse e o seu dia a dia é relatado na medida em que contribui para o desenrolar da história e pouco mais. De facto acho mesmo que muito do relatado é muito imaginado, uma vez que reflete muito do nosso pensamento (pessoas sem deficiência) sobre a vida dos mesmos.
O livro parece obedecer de forma demasiado equilibrada e organizada aos esquemas defendidos nas sessões de escrita criativa, o que retira algum calor que a história em si poderia proporcionar. Acontece com os que pretendem ser os pensamentos profundos das personagens que parecem um pouco deslocados  e com os últimos capítulos, que embora surpreendentes, como manda a "cartilha" têm um fio condutor diferente dos anteriores.
Mas isto são só pormenores. Apesar de ser um livro vencedor de um prémio é um bom livro e recomenda-se aos comuns mortais. :)
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